terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A life no gueto não é p'ra todos, boy.

A mitrice/chunguice/gunice é um modo de vida bastante peculiar.

Pelo que me foi permitido apreciar (e podem crer que é bastante, vivendo eu na capital portuguesa desta tribo urbana) o mitrismo vive à base do choque.

Como se não bastasse a poluição para os olhos, com o seus fatos-de-treino do Benfica, facilmente inflamáveis, o brinco à Dragonball (daqueles com que o Songoku e o Vegeta faziam a fusão. Aqueles com uma bola pendurada numa argola), e o boné apertadíssimo, ainda há a questão da influência do sonoro no apparel.

Sim apparel. Para se falar dos mitras há que usar as suas expressões. Nem que seja para explicar que o boy não anda a comer a outra dama porque ela não curte nem uma beca o chaval. Logo o damo tem de de a levar para o fundo do gueto, para lhe dar uma baita trancada naquela xoxota, que pelos vistos está mais flácida que a barriga do Mário Soares.

E outro dia descobri outra peça adicionada ao apparel: O leitor de DVD portátil. Maravilhas da tecnologia. Agora qualquer parolo de chelas pode andar de carris a bombar os hits de Irmãos Verdades, o último sonoro do Sam the Kid ou a ver uns afro-cagueiros, a abanar no mais recente afro-videoclip de hip hop feito pelos Super Dragões.

Achei piada ao facto de o ser mitra agora ter evoluído do simples telemóvel ao pescoço para o formato de vídeo do DVD. Casaco do Benfica, argolas XXXL, cabelo rapado com uns desenhos todos marados e, claro, o DVD portátil. E assim o gajo passa a ser o maior da aldeia (gueto) dele.


Outra coisa que me faz apreciar os mitras é o facto de todos terem aparência de quem perdeu um cromossoma antes de sair de casa.

Se houvesse um prémio para a tribo urbana que mais se parece com os miúdos da Trissomia 21, os mitras ganhavam aos pontos.

A mitralhagem consegue aliar a magreza própria de quem não come para comprar umas sapatilhas na footlocker, aos dentes podres de quem não compra pasta dos dentes para poder comprar umas sapatilhas na footlocker.

Em matéria de poupança são os maiores. E se o dinheiro não chega, vai-se para os portões de uma secundária sacar a guita dos putos para o almoço para se comprar mais uma ganzita e sapatilhas na footlocker (sim, eles têm de ter muitas. De preferência grandes e cor-de-rosa, para dar aquele ar: "Ah eu sou tão macho que nem me importo de andar de corderosinha pois sou bué de macho e tal").


Isto tudo porque ontem no autocarro tive o prazer de ter como dj de serviço uma pequena mitra que conseguiu passar os hits mais recentes da kizomba. E até me pareceu que já anda por aí um grupo de kizomba progressiva. É uma questão de averiguar.

2 comentários:

J H P disse...

Na verdade foste violado em massa por uma tribo inteira e é por isso que vens para aqui com paninhos quentes.

Filipe disse...

Vê-se logo que não tens o menor respeito pelos portadores ou conhecimento do que é a Trissomia 21.
Esses não deixaram um gene em casa, saíram com um a mais - se é para comparar deficientes mentais com portadores de Trissomia 21, ao menos que issso seja bem feito!
Tem uma boa semana e toma lá um abraço, boy!